Numa definição mais generalista, um vírus é um código que tem a capacidade de se reproduzir com a ajuda do usuário e que causa dano aos ambientes, isto é, aos computadores, por onde se espalha. Os mais comuns são aqueles que tentam invadir nossos computadores escondidos em e-mails e outros programas, ou através do fluxo de dados de nossa navegação pela Web.
Há um tipo diferente de vírus, porém, que muitas vezes espalhamos por aí de bom grado, sem perceber que estamos disseminando “pragas. Trata-se dos vírus que são as próprias mensagens de correio eletrônico. OS fabricantes de antivírus os chamam de “vírus hoax”, sendo que “hoax” é o termo em inglês para “engodo”, “enganação”, “fraude”. Funciona assim: o usuário recebe uma mensagem com o assunto do tipo “Novo Vírus! CUIDADO!”. Como vem de alguém em quem o usuário confia, ele decide abrir e ler a respeito do tal vírus. Quando aberta, a mensagem mostra algo na linha de “Se você receber uma mensagem com o assunto ‘As Fotos Proibidas do BBB’, NÂO ABRA. APAGUE IMEDIATAMENTE. É um vírus perigosíssimo, que vai destruir todos os seus arquivos e ainda por cima vai por fogo no seu computador. Um amigo meu não seguiu esse conselho e está internado na Santa Casa com queimaduras de terceiro grau. Envie essa mensagem para o máximo número de pessoas que conseguir. E RÁPIDO!!!!”
O usuário costuma não titubear: clica no botão de encaminhar e manda a mensagem para um monte de gente, em alguns casos para todos os contatos de sua agenda. Pronto, o ciclo do vírus está completo.
Êpa, mas será que isso é vírus mesmo? Bem, vejamos. Em primeiro lugar, será que esse e-mail causa dano? Sim, ele causa. Causa dano na medida em que é falso — e sempre é — e, portanto, absolutamente inútil; causa dano porque provoca perda de tempo por parte do usuário, porque ocupa espaço na caixa de entrada e no disco do usuário, porque ocupa banda para ser enviado. E se tudo isso parece insignificante quando consideramos um usuário, é preciso observar que esse vírus se espalha de forma exponencial. Em outras palavras, se cada usuário mandar para outros dez usuários, na primeira onda teremos 10 e-mails enviados; na segunda onda teremos 100; na terceira onda teremos 1000, e em pouco tempo essa mensagem seria passada aos milhões. Aquele pequeno tempinho perdido deve ser multiplicado pelo número de vezes que a mensagem for enviada; o mesmo deve ser feito para o armazenamento utilizado e para a banda de comunicação consumida. No fim das contas, o prejuízo coletivo é gigante.
A outra característica do vírus é replicar-se e transmitir-se com a ajuda do usuário. Nesse caso o usuário não clica um botão insuspeito que dispara uma rotina de cópia e envio. Não, ele mesmo age como replicador e remetente do vírus.
Sim, esses e-mails que parecem inocentes, e na maioria dos casos são repassados com boas intenções, são corretamente definidos pelos principais produtores de software antivírus como sendo código malicioso. Quanto a isso, não há dúvida. Até porque muitas vezes eles vão além da perda de tempo e do desperdício de recursos: alguns sugerem que o usuário apague arquivos que acabam fazendo falta mais tarde. Outros são adotados no meio do caminho por hackers, que embutem seus próprios códigos maliciosos nas mensagens.
E muito recentemente surgiu um tipo ainda mais perigoso: O “vírus hoax” de pânico. Não faz nem duas semanas que recebi de um amigo uma mensagem supostamente contendo um trecho de conversa do MSN entre uma fisioterapeuta e um amigo, ambos de Curitiba. A suposta conversa falava que a situação da gripe H1N1 é muito mais desesperadora que o anunciado pela mídia. Uma pequena busca no Google com os dados apresentados mostra nada menos de cinco resultados desmascarando a mensagem como sendo uma fraude. Uma fraude perigosa, pois seu único propósito é instaurar o pânico.
E o que fazer no caso de recebermos um desses falsos avisos de vírus por e-mail? Bem, a primeira coisa é quebrar a corrente e não enviar a mensagem à frente. Se as pessoas fizerem isso o problema já vai embora por si mesmo. Se tiver dúvida, faça uma pesquisa no Google sobre o assunto da mensagem para comprovar que é falso. Outra atitude útil é enviar o resultado da pesquisa demonstrando a fraude para o amigo que lhe enviou a mensagem. Isso vai ajudar esse amigo a pensar melhor da próxima vez.
Muito cuidado com as fraudes de vírus: elas podem ser tão perigosas quanto os vírus comuns, que os nossos software estão preparados para barrar.
Até a próxima.
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