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Ontem tive uma excelente conversa com meu amigo Daniel, colega de turma na Engenharia da Computação da Unicamp um quarto de século atrás, e atualmente professor na Universidade do Rio Grande do Norte, em Natal. Falamos sobre uma discussão nossa do ano passado acerca da lenta e gradual perda de privacidade pela qual todos passamos atualmente.
O ponto de vista dele é mais ou menos igual ao meu: a preservação de informações na Internet está, de fato, erodindo nossa privacidade. Fotos embaraçosas do tempo de faculdade, por exemplo, estão aí para quem se dispuser a procurar, e alguém disposto a acompanhar nossas andanças pela Web vai conseguir montar um perfil bem preciso acerca de nossas preferências, podendo direcionar campanhas publicitárias mais eficazes tendo-nos como alvo.
Sim, o conceito de privacidade que vigorou até o fim do milênio passado está em extinção. O pouco dessa privacidade que ainda nos resta vai se reduzir mais ainda nas próximas décadas, aposto. Mas a pergunta básica nesse caso é: e daí?
O Daniel trouxe um exemplo que é bem a sua cara, por ser uma pessoa de hábitos simples e jeitão de interiorano. Nas pequenas vilas e cidadezinhas em nosso país (e, aposto, em qualquer país do mundo a situação vai ser a mesma) o conceito de privacidade é bem tênue há muito, mas muito tempo, tendo atingido esse estado bem antes da existência da Internet. Nessas pequenas comunidades todos sabem quem está desempregado, quem tem predileção exacerbada pelo álcool, quem são os cônjuges menos afeitos ao conceito de fidelidade matrimonial, quem já foi preso, quem deve para quem, e por aí vai. E mesmo nesses lugares, a vida continua. Todo mundo sabe da vida de todo mundo, e todo mundo sabe que todo mundo sabe da vida de todo mundo. Esse jogo às claras não impede o relacionamento entre as pessoas, nem causa mais estranheza. As pessoas entendem que a vida é assim e se adaptam. O fato de que somos todos humanos, cheios de muitos defeitos e com algumas qualidades (como o Daniel colocou muito bem) nivela o jogo.
No nosso contexto de perda da privacidade na Internet a situação não é tão diferente: somam-se aos curiosos de plantão (nada diferentes das pessoas “faladeiras” existentes em qualquer lugar) as corporações e, infelizmente, os bandidos. Quanto às corporações, enquanto querem apenas descobrir meus gostos para melhor vender para mim, não vejo, pessoalmente, um grande problema nisso. Prefiro essa situação a ter vendedores de piano de cauda batendo à minha porta sendo que eu nem toco piano. Quanto aos bandidos, aí é que a coisa fica bem diferente mesmo. Esses, a meu ver, são o grande problema. Esses, quando têm informações a meu respeito, causam dano. Mas o conjunto de informações que devo preservar contra as investidas desses bandidos é bem pequeno e definido, podendo ser protegido com a aplicação de cautela e a adoção de técnicas adequadas de segurança da informação. Esse processo de conscientização, quando estendido àqueles que nos cercam (família, amigos mais próximos, colegas diários de trabalho), tende a criar uma consciência coletiva voltada para a segurança que nos protege e protege aqueles que nos são caros. De resto, a privacidade está rapidamente se tornando uma ilusão. Quanto mais cedo percebermos isso, mais frustração evitaremos em nossas vidas.
Até a próxima.
O ponto de vista dele é mais ou menos igual ao meu: a preservação de informações na Internet está, de fato, erodindo nossa privacidade. Fotos embaraçosas do tempo de faculdade, por exemplo, estão aí para quem se dispuser a procurar, e alguém disposto a acompanhar nossas andanças pela Web vai conseguir montar um perfil bem preciso acerca de nossas preferências, podendo direcionar campanhas publicitárias mais eficazes tendo-nos como alvo.
Sim, o conceito de privacidade que vigorou até o fim do milênio passado está em extinção. O pouco dessa privacidade que ainda nos resta vai se reduzir mais ainda nas próximas décadas, aposto. Mas a pergunta básica nesse caso é: e daí?
O Daniel trouxe um exemplo que é bem a sua cara, por ser uma pessoa de hábitos simples e jeitão de interiorano. Nas pequenas vilas e cidadezinhas em nosso país (e, aposto, em qualquer país do mundo a situação vai ser a mesma) o conceito de privacidade é bem tênue há muito, mas muito tempo, tendo atingido esse estado bem antes da existência da Internet. Nessas pequenas comunidades todos sabem quem está desempregado, quem tem predileção exacerbada pelo álcool, quem são os cônjuges menos afeitos ao conceito de fidelidade matrimonial, quem já foi preso, quem deve para quem, e por aí vai. E mesmo nesses lugares, a vida continua. Todo mundo sabe da vida de todo mundo, e todo mundo sabe que todo mundo sabe da vida de todo mundo. Esse jogo às claras não impede o relacionamento entre as pessoas, nem causa mais estranheza. As pessoas entendem que a vida é assim e se adaptam. O fato de que somos todos humanos, cheios de muitos defeitos e com algumas qualidades (como o Daniel colocou muito bem) nivela o jogo.
No nosso contexto de perda da privacidade na Internet a situação não é tão diferente: somam-se aos curiosos de plantão (nada diferentes das pessoas “faladeiras” existentes em qualquer lugar) as corporações e, infelizmente, os bandidos. Quanto às corporações, enquanto querem apenas descobrir meus gostos para melhor vender para mim, não vejo, pessoalmente, um grande problema nisso. Prefiro essa situação a ter vendedores de piano de cauda batendo à minha porta sendo que eu nem toco piano. Quanto aos bandidos, aí é que a coisa fica bem diferente mesmo. Esses, a meu ver, são o grande problema. Esses, quando têm informações a meu respeito, causam dano. Mas o conjunto de informações que devo preservar contra as investidas desses bandidos é bem pequeno e definido, podendo ser protegido com a aplicação de cautela e a adoção de técnicas adequadas de segurança da informação. Esse processo de conscientização, quando estendido àqueles que nos cercam (família, amigos mais próximos, colegas diários de trabalho), tende a criar uma consciência coletiva voltada para a segurança que nos protege e protege aqueles que nos são caros. De resto, a privacidade está rapidamente se tornando uma ilusão. Quanto mais cedo percebermos isso, mais frustração evitaremos em nossas vidas.
Até a próxima.
Oi, gosto muito dos seus artigos. Ajudam bastante a gente pensar em segurança para se manter seguro online.
ResponderExcluirUma perguntinha: tem jeito de clonar cartão de crédito com chip? Me disseram que o carão com chip é mais seguro, mas será que tem jeito de copiar as informações lá de dentro?
Valeu!
Boa pergunta, Anônimo. Falamos sobre isso na quinta-feira, OK?
ResponderExcluirObrigado pelo comentário!
Abração.